Conhecer o amor da sua vida numa festa parece uma coisa do passado com as plataformas de encontros online a experienciar um enorme crescimento graças à pandemia. O Tinder atingiu um recorde de três mil milhões de swipes num único dia em março de 2020, enquanto OkCupid registou um enorme aumento de 700% em encontros entre março e maio do mesmo ano. Tendo em conta esta popularidade crescente, a Kaspersky decidiu replicar o seu estudo de 2017 sobre o panorama das apps de encontros, com o objetivo de concluir o que melhorou e o que não melhorou ao nível da sua segurança.
Para este novo estudo, a Kaspersky analisou nove aplicações de encontros populares e altamente qualificadas com bases de utilizadores globais: Tinder, Bumble, OkCupid, Mamba, Pure, Feeld, Her, Happn e Badoo. Em comparação com 2017, a empresa de cibersegurança concluiu que, embora as aplicações de encontros se tenham tornado mais seguras do ponto de vista técnico, principalmente no que diz respeito à transferência de dados, ainda subsistem grandes riscos em termos de privacidade.

Em 2017, quatro das aplicações analisadas tornaram possível intercetar dados enviados a partir da aplicação, e muitas utilizaram o protocolo HTTP não encriptado. No entanto, em 2021, a situação melhorou significativamente. Nenhuma das aplicações analisadas utiliza HTTP e nenhum dado é enviado se o protocolo não for devidamente seguro.
No entanto, continuam a existir preocupações significativas de privacidade com as aplicações de encontros. A maioria destas aplicações permite aos utilizadores registar a sua conta através de uma das suas contas em redes sociais (Instagram, Facebook, Spotify, etc.). Se o utilizador escolher esta opção, então o seu perfil é automaticamente preenchido com informações do seu perfil nessa rede social, tais como fotos e dados pessoais. Os utilizadores são também convidados a partilhar informações tais como o seu local de trabalho ou universidade e todos os dados mencionados facilitam a procura das suas contas em redes sociais na aplicação de encontros – e, dependendo das suas definições de privacidade nessas contas, uma série de outras informações pessoais.

Além disso, aplicações como Happn, Her, Bumble, e Tinder estabelecem como obrigatório que os utilizadores partilhem a sua localização. Outras aplicações, como a Mamba, partilham inclusive a distância dos utilizadores até 1m de distância. A Happn tem uma função adicional que permite aos utilizadores ver quantas vezes e em que locais os seus matches se cruzaram com eles
O acesso a dados como a localização dos utilizadores, local de trabalho, nome ou contactos deixa-os vulneráveis à perseguição online ou mesmo à perseguição física, bem como ao doxing (através da qual a informação anteriormente privada é tornada pública a fim de envergonhar ou prejudicar a vítima). Além disso, a Mamba é a única aplicação que permite aos utilizadores desfocar as suas fotografias gratuitamente, e a Pure é a única que proíbe os utilizadores de tirarem screenshots (capturas de ecrã) de chats. Caso não hajam estas proibições, os as conversas e as fotografias dos utilizadores podem ser partilhadas sem a sua permissão, potencialmente para fins de blackmail ou doxing.
No entanto, muitas aplicações têm vindo a lançar versões pagas, que já incluem escolhas adicionais que podem aumentar a segurança dos utilizadores. Por exemplo, nas versões pagas de Tindr and Bumble, o utilizador pode escolher manualmente a sua localização para uma região específica. Ao permitir escolher uma região em vez de uma distância específica, é muito mais difícil determinar a localização exata de um utilizador. E algumas versões pagas de aplicações, como a Happn, oferecem aos utilizadores um «modo incógnito», através do qual os utilizadores podem esconder o seu perfil de estranhos e daqueles a quem não fizerem um “swipe positivo”.
O desafio de encontrar um equilíbrio entre construir uma presença digital e manter a privacidade online, e a mudança para os relacionamentos online, faz emergir mais uma área onde os utilizadores devem determinar a melhor forma de criarem ligações enquanto protegem a sua segurança. Contudo, a Kasperky tem verificado ao longo dos últimos anos que as aplicações de encontros estão a avançar na direção certa, permitindo aos utilizadores relacionarem-se de forma mais segura. Nas versões pagas de muitas das aplicações, os utilizadores podem fazer ações como especificar manualmente a sua localização ou desfocar as suas fotografias, sendo que estas opções devem estar, no futuro, disponíveis de forma gratuita. Não obstante, os utilizadores podem manter-se seguros tendo atenção aos dados que partilham sobre si próprios, tanto nos seus perfis de encontros, como nas próprias conversas.
No que diz respeito ao futuro das aplicações de encontros, a Kaspersky tem várias previsões – e esperanças – especialmente no que se trata da sua segurança: a utilização de inteligência artificial para proteger os utilizadores contra fraudes e a criação de contas verificadas. Pode descobrir estas e outras previsões – bem como submeter as suas – sobre o futuro dos encontros online e do amor, através do projeto Terra 2050.
Também pode saber mais sobre a segurança das aplicações de encontros na Securelist.
Para permanecer seguro ao utilizar aplicações de encontros, os especialistas da Kaspersky recomendam:
- Não partilhar demasiada informação pessoal (apelido, empregador, fotos com amigos, opiniões políticas e outros) no seu perfil;
- Não ligar outras contas de redes sociais ao seu perfil;
- Selecionar a sua localização manualmente, se possível;
- Utilizar a autenticação de dois fatores, se possível;
- Eliminar ou ocultar o seu perfil, se já não estiver a utilizar a aplicação;
- Utilizar o messenger incorporado nas aplicações de encontros. Só deverá utilizar outros messengers se se confiar no seu par. Se decidir fazê-lo, deverá configurar o chat de forma a manter a sua informação privada em segurança;
- Utilizar uma solução de segurança de confiança nos seus dispositivos, tal como o Kaspersky Security Cloud. Irá ajudá-lo a detetar qualquer atividade maliciosa ou suspeita através dos seus dispositivos, bem como a verificar a segurança do URL que está a visitar.