A batalha entre a União Europeia e o Facebook sobre a regulamentação do conteúdo digital continua. Esta semana, Bruxelas apelou ao gigante da tecnologia para se adaptar aos valores e à regulamentação da União Europeia.
Há dois meses, o mesmo órgão rejeitou a proposta de regular o conteúdo digital do Facebook e avisou: «Se eles não se auto-regularem, vão ter que ser regulados».
Por sua vez, Zuckerberg reclamou que a UE deveria liderar o estabelecimento de um padrão global sobre a regulamentação das novas tecnologias, para evitar que os países adotem o modelo chinês.
O Comissário Europeu para o Mercado Interno Thierry Breton avisou Mark Zuckerberg: «Se entende os valores sobre os quais este continente é construído, então entende como se deve comportar«. Thierry também lhe pediu que mantivesse à distância a desinformação relacionada com o coronavírus, devido ao impacto que pode ter nas democracias.
Thierry Brenton reuniu por videoconferência com o fundador e CEO do Facebook, para salientar que é o Facebook que tem de se adaptar à Europa, e não o contrário: «Nós apreciamos o seu negócio. Mas não somos nós que temos de nos adaptar a si. Temos de garantir que continuamos com os nossos próprios sistemas democráticos.”
Assim, o presidente também destaca o papel das plataformas digitais no panorama atual: «As plataformas estão a desempenhar um papel enorme hoje e amanhã também o vão fazer». E se eles querem continuar no jogo, têm de aprender a discutir e a cooperar connosco».
Neste sentido, lembrou ao fundador do Facebook a importância do pagamento de impostos: «Eu fui chefe, é preciso pagar impostos onde têm que pagos e não recorrer a paraísos fiscais».
Zuckerberg apela à liderança europeia
Por seu lado, Zuckerberg apelou à liderança da UE para estabelecer um padrão global sobre a regulamentação das novas tecnologias. Ao olhar para a China, diz estar preocupado: «Neste momento, muitos países estão a olhar para a China (…) e a achar que este modelo talvez possa funcionar e pode ser que dê mais controlo ao governo. Acho que isto é muito perigoso e estou preocupado que este tipo de modelo se espalhe para outros países.”
Para o efeito, Zuckerberg defende a existência de um quadro normativo claro, proveniente dos países democráticos ocidentais, que se torne norma a nível mundial.